ProfessorEducação dentro e fora da sala de aula: Mercado para profissionais da educação no serviço público teve horizonte ampliado nos últimos anos, mas a maioria ainda busca a docência.

Quando se pensa em oportunidades para os profissionais de educação no serviço público, a primeira coisa que vem à cabeça é a docência. Escolas de educação básica são os postos mais lembrados entre os educadores que buscam a estabilidade do serviço público. Essa é a tendência do mercado, mas não é a única opção. Cada vez mais órgãos públicos estão contratando profissionais
da área para atuar como gestores educacionais. “O profissional da educação conquistou um reconhecimento social importante nos últimos anos. Cada vez mais vemos órgãos públicos contratando, ampliando os espaços de atuação na área e abrindo mais oportunidades”, destaca a professora Inês Maria Zanfolin, diretora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. Mas o que é exigido das pessoas que almejam uma vaga no serviço público? É isso que vamos contar na terceira matéria da série Perfil
do Setor Público.

NA ESCOLA
Na área da docência, Marcelo Soares, diretor de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para a Educação Básica do Minis-tério da Educação (MEC), destaca que o bom professor é aquele que interage com outros profissionais da área e com a comunidade externa. “Além disso, participa de contextos mais amplos da escola, como órgãos colegiados e o acompanhamento da destinação dos recursos escolares”, defende.

Já segundo o professor de escola pública do Distrito Federal, Fabiano Marcolino, para quem pretende exercer a profissão, é importante ter algumas características além do conhecimento da matéria. “É fundamental saber se planejar e sempre estar atualizado. Os alunos não se interessam mais pelo convencional, é necessário buscar novos métodos e técnicas para chamar a atenção dentro da sala de aula”, explica. De acordo com ele, também é preciso gostar do que faz, pois o trabalho é desgastante e alguns acabam se frustrando.

DESAFIOS
Os educadores também precisam estar preparados para enfrentar desafios dentro e fora da sala de aula. Para a professora Maria Inês Pestana, diretora de estatísticas educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o maior contratempo é a violência e a indisciplina. “Em alguns locais, a escola é depredada pelos alunos. E essa é uma questão social, não depende apenas da educação para ser resolvida, embora esta tenha um papel fundamental”, esclarece.

A necessidade de se formar profissionais mais qualificados é, segundo a especialista, outro grande entrave da educação brasileira. “Apesar do nível dos profissionais ter crescido nos últimos anos, a formação ainda não é adequada. A ausência de prática durante os cursos é muito grande, eles se formam sem ter experiência”, explica. Pestana afirma que os professores precisam adquirir mais vivência dentro da sala de aula antes de concluir os estudos, para assim contar com as ferramentas necessárias para transmitir o conhecimento.

De acordo com a diretora de estatística do Inep, o governo está investindo em um novo plano de formação de profissionais. O intuito é completar a formação de quem já exerce a profissão e adequar a dos que estão em processo de aprendizado. “Além disso, a aprovação do projeto de lei que fixou o piso salarial nacional em R$ 950,00 foi um excelente incentivo para a categoria”, comenta ela, lembrando que a remuneração média dos professores no Brasil era ainda mais baixa.

Para quem está no mercado de trabalho, como o professor Fabiano Marcolino, a remuneração não é o grande atrativo da profissão. “O que mais me motivou a ser professor foi a satisfação de poder contribuir com a educação das crianças, é gratificante saber que estou ajudando os alunos, dando uma oportunidade”, revela ele, que dá aula de matemática para a 7.ª série no Centro de Ensino Fundamental
619, em Samambaia (DF).

ALTERNATIVA
Além de oportunidades na docência, alguns profissionais da área buscam outros espaços no setor público. Foi o caso da pedagoga Ediene Borges, de 27 anos, servidora do Departamento de Ensino da Aeronáutica, responsável por gerenciar as escolas da Força Aérea Brasileira. Segundo ela, mesmo com o curso de graduação sendo voltado para o trabalho como professor, seu objetivo foi buscar outras opções.“Minha intenção era buscar conhecimento em outras áreas de atuação dentro da minha profissão”, diz ela, que hoje é pós-graduada em Pedagogia Empresarial. Quando terminou o curso de graduação na UnB, em 2002, ela conta que o mercado era muito restrito. “Hoje em dia as possibilidades em órgãos públicos fazem parte da realidade da profissão”, comenta, destacando a estabilidade e a valorização do profissional como pontos positivos.

Ediene ainda dá dicas sobre o perfil adequado para atuar fora da sala de aula. “É preciso ter muito interesse, buscando conhecimentos que não adquiriu na universidade. É um trabalho multidisciplinar, estamos sempre lidando com outras áreas. Também é importante saber trabalhar em equipe, liderar e coordenar”, ressalta.

De acordo com a professora Inês Maria Zanfolin, o mercado para profissionais formados em Pedagogia se abriu após as mudanças ocorridas no currículo do curso, em 2003. “Antes da reforma, os alunos eram obrigados a escolher uma habilitação durante o curso. As opções eram: Magistério, Orientação Educacional e Magistério para Educação Especial”, lembra. Agora, a profissão voltou a ser uma só. “É muito mais interessante formar o pedagogo, pois ele pode atuar em qualquer área da educação. Isso abriu muitas oportunidades para os profissionais, que passaram a ter mais opções para entrar no mercado de trabalho”, destaca.

Perfil do Profissional – Cargos na Área da Educação
De acordo com as fontes entrevistas pelo Jornal do Cespe/UnB, um bom profissional da área precisa:
•  Saber trabalhar em equipe
•  Ter conhecimento da matéria/disciplina
•  Interagir com profissionais de outras áreas
•  Ser participativo em diferentes projetos dentro da escola
•  Saber se planejar
•  Estar sempre atualizado
•  Buscar novos métodos e técnicas de ensino
•  Buscar participar de atividades com a comunidade externa

Por Vagner Vargas (Cespe/UnB)

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