Seja na necessidade de capacitação ou no número de horas seguidas trabalhadas, trabalhadores da área precisam se dedicar no serviço público.

Médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais da área de saúde possuem boas oportunidades no setor público. Embora o volume de concursos não se compare a setores como o Judiciário e de cargos administrativos, o mercado está em busca de especialistas, devido à defasagem do setor. A diferença mais marcante é a dedicação e o constante aprimoramento exigido das profissões de ciências biológicas.

Instituições, profissionais e aprovados em concurso público revelam as opiniões e análises sobre o mercado de trabalho na área para os graduados, além de indicar quais competências e habilidades são esperadas dos candidatos interessados. De médicos  residentes a professores universitários, há chance para todos os formados em nível superior. É só saber procurar e se esforçar na preparação.

INSERÇÃO
A etapa de inserção no mercado começa com estágios ou residência, de acordo com a especialidade. Em Medicina, por exemplo, esse processo abre mais oportunidades de trabalho e remuneração, mas requer dedicação nos estudos. A residência permite a capacitação e aplicação dos conhecimentos vistos na faculdade. “É uma continuidade dos estudos, mas é preciso tentar em vários locais, pois a concorrência é grande”, diz a pediatra residente Juliana Sobral, formada pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) do Distrito Federal.

Desde o começo, algumas características são essenciais para o profissional de saúde. Sobral recomenda, por exemplo, ser persistente, pois é uma área que exige muita dedicação e estudo. Trabalho em equipe, visão crítica e atenção com o paciente são as características diferenciais de um bom profissional da área, de acordo com Marilúcia Picanço, coordenadora de residência médica da Pediatria do Hospital Universitário de Brasília (HUB). “O requisitado – e todo profissional deve ter – é conhecimento e atualização constante dos estudos. E se preparar para as dificuldades”, lembra.

Dificuldades como a estrutura física e investimento de alguns hospitais e universidades, que muitas vezes são insuficientes para a demanda atendida. “É uma realidade do sistema público de saúde que não dá para fugir”, alerta a coordenadora. Saber julgar e analisar as situações do cotidiano é fundamental para um bom diagnóstico, por exemplo. “Cada paciente é uma tese”, acredita Picanço. Apesar do trabalho em equipe ser uma prerrogativa, Juliana reforça a responsabilidade dos médicos e enfermeiros com o trabalho prestado. “Se você não assumir o paciente, ninguém mais vai assumir”, completa Sobral.

OPORTUNIDADES
Outras especialidades, como Nutrição, Psicologia, Odontologia e Farmácia, possuem vagas dentro de alguns órgãos específicos do setor público. Mas fica um aviso: o setor público costuma abrir vagas para substituir profissionais, não para acrescentar. “O sistema público está sucateado e o déficit de funcionários é enorme. Boa parte das vagas oferecidas é de pessoas que deixaram o setor ou colegas que faleceram”, alerta Edna Costa, assistente da gerência de Enfermagem do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), em Brasília.

De acordo com a assistente, o número de funcionários do HRAN permaneceu praticamente inalterado desde a fundação da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, na década de 80. Os cargos administrativos específicos em hospitais, universidades e órgãos do poder executivo – que podem ser exercidos por formados em graduações da área de saúde – seguiram a mesma lógica. “Além disso, novos programas e serviços, como operações e tratamentos, foram criados. Mas a verba continua a mesma de antes”, revela Costa.

Porém, hospitais e universidades públicos não são os únicos locais de emprego. Instituições reguladoras, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), oferecem cargos fora das tradicionais funções da área. De acordo com Lúcia Masson, gerente geral de recursos humanos da Agência, a previsão é de abertura de novos cargos ainda em 2009. A maior parte dos funcionários de nível superior do órgão é formada em Farmácia, devido ao intenso trabalho de regulação, fiscalização e inspeção de medicamentos.“O conhecimento na área de vigilância sanitária é essencial, até porque o nosso leque de atuação é enorme.

Mas temos profissionais das mais diversas áreas de saúde, como Nutrição, Psicologia e Enfermagem”, ressalta Masson. Segundo a coordenadora, os aprovados são redirecionados a áreas e funções de preferência, se houver vaga disponível. A medida é realizada para melhorar o desempenho de cada profissional e aproveitar melhor os conhecimentos e especialidades.

BENEFÍCIOS
Optar pelo setor público possui algumas vantagens em relação ao mercado privado de trabalho. As mais evidentes são a estabilidade do emprego e remunerações melhores para quem está começando na profissão. O Cespe/UnB realizou alguns concursos para a área (veja quadro). De 2006 a 2008, os órgãos federais apresentaram uma média de remunerações crescente. Em outras instâncias, isso varia muito com a região atendida. Fora dos grandes centros urbanos a função de médico de família ou acompanhamento em casa é mais comum. O contato direto e dedicado ao paciente, mesmo que de maneira preventiva, reforça a importância de tratar a população com qualidade. Os salários, porém, não costumam ser atrativos, mesmo com o baixo custo de vida da região. “A situação da saúde no Brasil é preocupante. Mais do que um pagamento, é necessário um resgate da sensibilidade no atendimento ao paciente”, acredita Marilúcia Picanço.

Outra vantagem, dependendo do cargo exercido, é a flexibilidade dos horários. “Muitas vezes, o médico ou enfermeiro trabalha meio período ou em regime de plantão. Com isso, tem tempo livre para se dedicar a outras atividades”, aponta Picanço. Mas isso não é regra, segundo Edna Costa. “Muitos funcionários usam suas horas fora do setor público para complementar a renda na iniciativa privada. Ganham menos e, muitas vezes, trabalham bem melhor, pelas boas condições e infraestrutura”, aponta.

Na Anvisa, a flexibilidade se transforma em possibilidade de capacitação profissional. O órgão promove viagens para avaliação de medicamentos no exterior e cursos constantes em suas áreas de atuação. Ser funcionário público na área de saúde é ser tão exigido quanto na iniciativa privada. “Os servidores atualmente são voltados para metas e comprometidos com a instituição em que atuam. Não há mais espaço para atitudes antigas e relapsas, frutos de uma dita estabilidade”, completa Lúcia Masson.

Mas ainda falta corrigir a burocracia, que beneficia o mau funcionário, segundo Edna Costa. “Na iniciativa privada, se não cumprir o trabalho, você é demitido. No setor público, isso pode render apenas uma advertência, e meses depois do ocorrido. Isso precisa mudar”, alerta.

Perfil do Profissional – Cargos na Área da Saúde
O que o mercado de trabalho espera:
· Atenção e cuidado com o paciente
· Trabalho em equipe
· Iniciativa
· Visão Crítica
· Persistência e compromisso
· Dedicação ao estudo
· Compromisso com a instituição
· Capacitação constante do profissional

Fonte: Rafael Baldo do Cespe/UnB

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