A área jurídica é um prato cheio quando se fala de concursos públicos. Em 2008, o Cespe/UnB realizou 32 processos seletivos com vagas para graduados em Direito. Em relação ao ano anterior, o número quase dobrou, já que foram oferecidas vagas em 18 seleções. Este ano, até o mês de se- tembro, o número chegou a 15 concursos, com 254 vagas disponíveis.

Com os mais diferentes tipos de cargos e re- munerações, advogados de todo o país buscam no serviço público estabilidade profissional e financei- ra. Mas como chegar lá e desempenhar um bom trabalho? E o que mais essas vagas oferecem? É isso que vamos mostrar na última matéria da série Perfil do Setor Público.

CONCORRÊNCIA
Mesmo com tantas oportunidades, a disputa por um lugar não é nada fácil. Para se ter uma ideia, somente no primeiro Exame de Ordem da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado pelo Cespe/UnB em 2009, mais de 11 mil bacha-réis de 25 estados brasileiros e do Distrito Federal, conseguiram o registro, que é exigido em grande parte dos concursos.

Com esse dado em mãos e o constante crescimento de cursos de Direito por todo o país, é de se esperar que haja muita dificuldade para conquistar um espaço. Porém, o procurador do estado de São Paulo, Thiago Luís Sombra, diz que sempre há lugar para quem tem capacidade. “Mesmo com o mercado saturado pelo grande número de faculdades formando advogados, os bons profissionais vão conseguir uma vaga no mercado de trabalho”, revela.

Sombra, que além de trabalhar na Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE/SP) é membro da Comissão de Advocacia Pública da OAB do Distrito Federal, explica que é fundamental possuir uma formação jurídica sólida, mas há outros fatores importantes. “O aperfeiçoamento precisa ser constante, o profissional deve sempre buscar novos cursos, demonstrar proatividade e perceber que o cargo de advogado público não é algo burocrático”, ensina o procurador, revelando que um currículo que é incrementado a cada seis meses é algo que ajuda.

ALVO
Confirmando que a tendência de que o serviço público é o principal alvo daqueles que se graduam em Direito está a coordenadora do curso da Universidade de Brasília, Ana Frazão. Para ela, a obsessão dos estudantes por uma vaga no serviço público chega até a ser prejudicial. “O curso é um processo de formação. Muitas pessoas fazem cursinho visando concursos públicos durante a graduação, e isso atrapalha, pois esses concursos exigem um conhecimento enciclopédico, o que não é o foco da universidade”, preocupa-se.

Os próprios estudantes, que vivem essa nova realidade, confirmam que é verdade. Clarissa Menezes Vaz, Tiago Henrique Ramires e Sarah Raquel Lustosa, todos no 10.º semestre de Direito na UnB, pretendem seguir carreira como servidores públicos. Segundo eles, a maioria da turma de 50 alunos pretende trilhar o mesmo caminho. “Inclusive, alguns deles já são concursados. Quase todos na turma têm esse perfil”, contou Clarissa, de 22 anos.

Em relação à experiência que determinados concursos exigem, os estudantes acreditam ser algo necessário para selecionar bem os profissionais. “Cargos como o de juiz, por exemplo, não requerem apenas conhecimento, é preciso ter maturidade para assumir uma vaga como essa. E é justamente nesse ponto que entra a experiência profissional”, defendem eles, que já se preparam para começar a
estudar em cursinhos voltados para seleções públicas.

Perguntados sobre o que é necessário para exercer um bom papel no serviço público, os jovens se mostraram ligados ao que o mercado exige atualmente. De acordo com Clarissa, Tiago e Sarah, é preciso ter paciência, proatividade, sensibilidade e responsabilidade social. “Ainda existe gente acomodada no serviço público, mas isso está mudando. Essas características são cada vez mais necessárias e vão ajudando a mudar os moldes do servidor público”, destacam.

VANTAGENS E EXIGÊNCIAS
Além dos bons salários e da garantia de estabilidade, há outros itens que chamam a atenção dos profissionais no serviço público. De acordo com a Coordenadora de Provimento e Informações Funcionais do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Solange Rossi, a qualidade do plano de saúde e o auxílio alimentação são alguns deles. “Além disso, as boas condições físicas que as repartições oferecem e a jornada de trabalho definida são bastante ressalta-das”, aponta.

Entretanto, por oferecer essas vantagens, existe uma cobrança proporcional. Segundo Rossi, a nova realidade social exige que o profissional tenha habilidades múltiplas, como interação com a rede mundial de computadores e suas ferramentas. “Os profissionais da área jurídica preci-sam possuir conhecimentos em outros campos, além de ter um perfil compatível com a realidade e com a demanda”, explica.

Características do profissional da área jurídica
De acordo com as fontes entrevistas pelo Jornal do Cespe/UnB, o mercado de trabalho espera:
Formação jurídica sólida
Currículo atualizado
Proatividade
Aperfeiçoamento constante
Responsabilidade social
Conhecimento em outras áreas
Bom relacionamento interpessoal
Trabalho em equipe
Capacidade de comunicaçãoe negociação

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