Candidatos e professores relatam experiências e indicam maneiras de estudar. Adaptar os métodos é fundamental, bem como ter disciplina e dedicação.

Parece óbvio, mas não é. A maioria dos candidatos aprovados em concursos públicos diz que, para passar em concurso público, não há segredo: basta se dedicar e estudar muito. Porém, o conselho nem sempre garante o sucesso em uma seleção. Ter tempo, disciplina e decidir exatamente o que se quer pode fazer a diferença entre um bom candidato e um concorrente com reais chances de conseguir a aprovação. O Jornal do Cespe/UnB entrevistou estudantes, professores e especialistas da área para indicar as melhores formas de se preparar para um concurso público.

“Não existe fórmula mágica para ser aprovado em uma seleção. É preciso estudar com dedicação, trabalhar os pontos fracos da formação para superar as dificuldades e reforçar os pontos fortes para poder fazer a diferença no momento da classificação” resume o diretor-geral do Cespe/UnB, Mauro Rabelo.

A opinião é compartilhada pela candidata Leidiana Rocha, 24 anos, que tenta uma das 312 vagas para os cargos de analista e de técnico do concurso do Tribunal Superior do Trabalho (TST), realizado pelo Centro em 17 de fevereiro. Natural de Anápolis (GO), Leidiana morou em Milão, onde trabalhou como vendedora de roupas na loja do marido. Antes de embarcar para a Itália, ela tentou alguns concursos na área de formação, Técnico de Enfermagem, até tomar a decisão de largar tudo e deixar o País. Depois de quatro anos no exterior, retornou ao Brasil. “Vim para Brasília. Mudei para estudar, graduar em Enfermagem e fazer concursos públicos. Aqui, há mais oportunidades nas seleções”, acredita.

Apesar de não haver vaga para sua área de formação, Leidiana acredita que a experiência com cargos administrativos, a promessa de estabilidade e bons salários foram decisivos na escolha do concurso para o TST. Durante a semana, a rotina é sagrada. A revisão das matérias é feita a partir das 7h da manhã até a hora do almoço. À tarde, curso preparatório até as 18h. O período da noite é de descanso, pelo menos, do estudo. “Escolhi estudar assim porque rendo mais. Estudar sem parar não é garantia de aprender tudo”, observa.

CRITÉRIOS

De acordo com a professora de Processo Civil Patrícia Dreyer, do Pró-Cursos, de Brasília, não há rotina certa ou errada. O aluno deve se adaptar ao próprio ritmo de aprendizado, sem deixar de se esforçar para assimilar mais. “O candidato precisa fazer a escolha e acreditar sempre que vai passar, mesmo que isso não aconteça da primeira vez”, afirma Dreyer. E ressalta: só assistir à aula não é suficiente. É preciso dedicar mais horas estudando. “Mas largar um emprego certo também deve ser pensado com calma. A pressão de ter que passar em um concurso público pode atrapalhar toda a preparação do candidato”, comenta.

Outros fatores que devem ser considerados são estabilidade e realização profissional. Segundo Patrícia, muitos candidatos escolhem os concursos pelo valor do salário oferecido e nem conhecem o trabalho que exercerão depois de aprovados. Outros pensam na vocação profissional que possuem e buscam órgãos onde possam desenvolver melhor a carreira. “Este tipo de candidato costuma se dedicar mais aos estudos, inclusive”, comenta a professora.

O biólogo José Braz, 29 anos, por exemplo, só faz concursos relacionados com sua área de formação. A meta é alcançar estabilidade e boa remuneração, sem deixar de trabalhar com o que gosta. “Resolvi fazer cursinho para aprender melhor as áreas de legislação e outras não relacionadas diretamente com a Biologia, como o Português”, explica. Braz continua no trabalho, mas evita sair para se divertir como antes. “Estou focando meu tempo nos estudos até passar em um concurso que quero”, admite.

PORTUGUÊS

É justamente na Língua Portuguesa – uma matéria exigida em todos os processos seletivos – que a professora aposentada do Departamento de Lingüística da UnB Lucília Garcez indica mais atenção. Além da gramática, ter conhecimento da linguagem é fundamental para a interpretação correta das questões e se sair bem na redação. “É preciso estar atento às notícias dos principais jornais e revistas para saber responder bem os questionamentos. Também é essencial treinar a escrita de redação. Um texto com letra ilegível não tem como ser corrigido”, alerta.

As provas do Cespe/UnB, por exemplo, privilegiam o conhecimento acumulado dos candidatos e a interpretação do conteúdo exigido. “Aliamos a cobrança das exigências para o cargo com os assuntos pertinentes à vida em sociedade sobre o que todo cidadão deve estar informado”, ressalta o coordenador acadêmico do Centro, Marcus Vinícius Soares. “A formação de um bom profissional começa antes mesmo do concurso, com a dedicação aos estudos e vontade de aprender”, observa.

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